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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Prefeitura de Teresópolis empenhou quase R$ 1 milhão para pagar aluguel de veículos esse ano

Frota de veículos foi vandalizada sob os olhares de agentes políticos do governo e vereadores ameaçam tomar providências
prefeitura

Wanderley Peres

Muito dificilmente os vereadores vão autorizar o prefeito a realizar o pretendido “leilão de bens inservíveis”, como pediu autorização em mensagem de lei à Câmara lida na última quinta-feira 15, para se livrar das carcaças de veículos expostas no Parque de Exposição de Sucata, em Albuquerque. Na sessão da Câmara, como mostrou O DIÁRIO do último sábado, os vereadores falaram na necessidade de se conhecer o histórico dos veículos, o porquê do canibalismo da frota, e até em furtos de peças, por isso o triste fim dos veículos, que se perderam quase todos, abandonados à sorte.

O sucateamento da frota não ocorreu da noite para o dia, ou do ano passado para esse. Os veículos sucateados, como se supõe, não foram encontrados em condições tão deploráveis pelo atual governo. Muito pelo contrário. Boa parte da frota em sucata estava rodando quando o atual governo começou, e a quantidade de carros novos que chegaram, nos últimos seis anos foi enorme. Além dos veículos adquiridos nos governos passados e que rodavam, fazem parte da montanha de ferro velho até veículos mais novos, com menos de 10 anos de uso, o que é inadmissível.

Prefeitura divulgou “frota renovada” mas não informou que os veículos são alugados com placas até de outros estados

“Deveriam, pelo menos, mandar para essa Casa as imagens desses veículos que serão vendidos como sucata, porque precisamos ver se eles são mesmo sucata, e conhecer a motivação deles terem se acabado tão rapidamente, porque são veículos com menos de 10 anos de uso. Não sou contra o leilão. Mas leilão de sucata, de carros com 10 anos apenas? Como esses carros viraram sucata? Precisamos ver se esses carros são mesmo sucata, e o prefeito tem que dar conta disso, tem que nos informar por que os veículos chegaram a essa condição”, disse o vereador Dr. Amorim, reclamando que não podem autorizar o leilão a partir de um simples ofício, porque os vereadores estariam assinando um cheque em branco, e podem ser responsabilizados pela falta de zelo que o prefeito teve com a frota de veículos. “O governo teve seis anos para fazer o leilão. Agora, pede em caráter de urgência, para que a Câmara autorize ele a se livrar do problema que arranjou. Por que está correndo com isso, agora? Tem maracutaia aí. Quando vier para votação, eu voto contra. Tem que deixar esses carros onde estão, porque o governo já acabou, e esse é um problema que o prefeito tem que dar conta dele, e não podemos resolver o seu problema. O que nós precisamos é pedir uma auditoria, para descobrir porque os veículos em boas condições viraram sucata em tão pouco tempo”, completou André do Gás. “Cadê a peça do carro? Se sumiu tem que aparecer. Para vender a água, foi tudo sem autorização da Câmara. A Prefeitura não pagava água, e agora paga R$ 1 milhão. É por isso que está sem dinheiro, porque já pagou R$ 444 mil de conta dos prédios públicos só em seis meses. Alegar que tem urgência para limpar ao pátio do Parque de Exposições isso é uma armação. Tiveram seis anos para limpar, e agora querem é esconder o que fizeram”, arrematou o vereador Fidel, na última sessão, ficando claro que o prefeito não vai ter a mesma facilidade que teve em tempos passados para se livrar dos veículos que eram servíveis até chegar à Prefeitura.

De acordo com o site da Prefeitura, gestão já pagou R$ 321 mil com aluguel de carros com a empresa Localiza

PREFERE ALUGAR

Dois anos atrás, quando a garagem da Prefeitura foi ficando sem veículos em condições de uso, porque peças de uns eram retiradas para consertar outros, enquanto o pátio da Agricultura lotava de carros com os mais diversos defeitos sob o risco de serem depenados, a Prefeitura alugou 19 veículos. Conforme o Diário Oficial, foram 5 veículos tipo van para 19 passageiros, no valor de R$ 10.613,89 ao mês; 10 veículos caminhonete utilitária, no valor de R$ 5.547,40; 2 veículos de passeio sedan, no valor de R$ 1.963,51; 1 veículo de passeio
executivo, no valor de R$ 4.000,00; e 1 veículo pick up, no valor de R$ 2.572,13.

GOVERNO SUSPEITO

O acúmulo de veículos apreendidos sem a devida destinação, no depósito de Três Córregos, e o comércio de peças de veículos abandonados na garagem e no pátio de Albuquerque, e ainda os suspeitos contratos de manutenção que não frearam o sucateamento da frota, já provocaram indignação antes, na Câmara de Vereadores.

A suspeição de agora é a mesma que ocorreu em governos passados, e que neste se repetiu, quando a Prefeitura resolveu alugar impressoras e computadores, e sistemas e programas, entre outros, recursos que nunca precisava antes. Só com veículos, e o aluguel de veículos é coisa nova, desse governo apenas, a Prefeitura arranjou um gasto anual que chega a R$ 1 milhão e meio. “Serão R$ 53 mil por mês em aluguel de vans, R$ 55 mil em camionetes, R$ 4 mil em veículos de passeio sedan, R$ 4 mil pelos veículos executivo e R$ 2.572,13 por uma pick-up, [na verdade, R$ 5.547,00 por cada pick-up, que seriam duas ou mais], totalizando cerca de 120 mil por mês de aluguel destes veículos”, informou O DIÁRIO dois anos atrás, quando ocorreu a novidade do aluguel de veículos. Os veículos “adquiridos” pela Prefeitura, em forma de aluguel, foram até comemorados pelo governo, como “renovação de frota”, o que é uma mentira, porque frota municipal se pressupõe a propriedade dela.

Pick up SIC7A26, Chevrolet S10 LS DD4, 2024, consta como emplacada em Belo Horizonte. Alugados, veículos com placas do Estado de Minas Gerais, ficaram expostos na frente da PMT (pagando diárias de aluguel) como se tivessem sido comprados pela Prefeitura

DÍVIDA PARA 2024

Só nos primeiros 7 meses desse ano, de 2024, a Prefeitura já empenhou R$ 834 mil para pagar aluguel de carros, e segundo o Portal da Transparência, pagou apenas R$ 321 mil, dívida que poderá ficar para o próximo governo, quem deverá ter, também, que dar um fim ao ferro velho do Parque de Exposição de Sucata, em Albuquerque, caso os vereadores não voltem atrás, traindo o discurso feito.

A verdade é que, se zelasse pelo bem público, e os valores usados em aluguel fossem investidos na frota, recuperando ao menos pior parte dela, estaria garantido o patrimônio público enfim vilipendiado. Deixado à própria sorte sob a guarda de cargos comissionados e agentes políticos relapsos acabou sendo depredada, sobrando apenas as partes inservíveis do bem que deveria estar servindo na administração municipal.

Edição 22/11/2024
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