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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Cachorro gravemente ferido por armadilha de caçadores em Teresópolis

“Trabuco” estava próximo a sítio em Santa Rita e poderia ter atingido também trabalhadores rurais

Marcello Medeiros

Há cerca de quatro anos o cãozinho Lucky foi adotado e ganhou um novo lar, uma família que o levou para uma vida tranquila na localidade de Santa Rita, no Segundo Distrito de Teresópolis. Mas essa história, daquelas bonitas que merecem ser contadas e replicadas, por pouco não terminou de maneira triste para o SRD e seus tutores. Na última terça-feira, enquanto fazia o que sempre gostou, “explorar” as matas no entorno do sítio Saíra Azul, Lucky foi atingido por um disparo feito por um trabuco, uma arma artesanal montada por caçadores nos limites da propriedade rural. “Nós estávamos trabalhando nas estufas, colhendo, quando escutamos o barulho do sítio. Como nosso cachorro tinha entrado lá, fomos ver e ele já veio correndo com um enorme buraco nas costas”, relata a produtora rural Esther Farinha. “O pegamos correndo e levamos para uma clínica veterinária. Passou por horas de cirurgia, ficou entre a vida e a morte, mas acreditamos que vai sobreviver porque não foram atingidos órgãos vitais”, completou a tutora de Lucky.

Há cerca de quatro anos o cãozinho Lucky foi adotado e ganhou um novo lar, uma família da localidade de Santa Rita


Com a ajuda de agentes do meio ambiente lotados no Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis, vizinho à propriedade invadida pelos caçadores, Esther encontrou o trabuco de calibre 12, que foi recolhido e apreendido pela polícia. “Ele dispara várias bolinhas de chumbinho e estava armado a poucos metros da cerca da minha linha de produção, ou seja, poderia ter atingido uma pessoa que inadvertidamente passasse por ali. Além disso, estava a poucos metros da estrada que liga Santa Rita ao Vale do Cuiabá, uma área muito habitada. Há caçadores atuando na região, quem mora lá conhece, queremos que seja alertado que esse tipo de coisa, além de crime ambiental, pode matar uma pessoa”, enfatiza Esther, que registrou o caso na 110ª Delegacia de Polícia. “Não vou me calar. Alguém pode morrer por causa dessa prática”, enfatizou a produtora, alertando que o delito realizado por caçadores pode também prejudicar outro segmento. “O governo municipal fala em incentivar o turismo, inclusive o turismo rural, mas como o montanhista, o visitante, pode andar tranquilo em uma trilha dessas?”, atenta.

“Não vou me calar. Alguém pode morrer por causa dessa prática”, enfatizou a produtora Esther Farinha

Polícia ambiental
Quando havia no município sede da UPAM – Unidade de Policiamento Ambiental, a UPAM Três Picos, que ficava baseada na Fazenda Ermitage, a fiscalização contra esse e outros crimes ambientais era mais rígida. Hoje, tal grupamento da Polícia Militar está na cidade de Cachoeiras de Macacu, portanto realizando com menor frequência operações em Teresópolis. Mas, havendo elementos para investigação e prevenção, viaturas são deslocadas para o município.
O Linha Verde reforça a solicitação para que a população continue denunciando crimes ambientais através do telefone 0300 253 1177 (interior, custo de ligação local), além do APP “Disque Denúncia RJ” disponível para celulares. Por essa modalidade, o denunciante pode enviar fotos e vídeos, com a garantia do anonimato. É possível denunciar também através da página do Linha Verde no facebook, www.facebook.com/linhaverdedd ou ainda pelo site do Disque Denúncia (www.disquedenuncia.org.br). Lembrando que em todos os canais, o anonimato é garantido ao denunciante.

Radiografia mostra número de vezes que o animal foi atingido, na última terça-feira

Caçador morreu
Prática antiga, mas ainda comum em algumas regiões, a caça é considerada crime e pode render cadeia. Há cerca de dez anos, um homem envolvido nesse delito acabou sendo atingido pelo próprio armamento artesanal que havia montado para tentar matar animais na Floresta do Jacarandá, na área do Parque Estadual dos Três Picos. Baleado na altura da virilha, ele morreu horas depois. Outro caçador, que o acompanhava, teve que caminhar por uma longa distância para conseguir ajuda. Devido à dificuldade de acesso, quando o Corpo de Bombeiros chegou já não havia tempo para atendimento médico.


Edição 22/11/2024
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