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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Calor fora de época muda rotina de animais peçonhentos

Encontros com diferentes espécies têm sido mais comuns mesmo ainda na Primavera

Marcello Medeiros

No último fim de semana, o montanhista teresopolitano Victor Vieira caminhava pela Estrada da Barragem, na sede Teresópolis do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, quando avistou um grande exemplar de Jararaca (Bothrops jararaca) cruzando a pista de paralelepípedo. Não seria nenhuma surpresa, visto que tal via fica dentro de uma unidade de conservação, mas o que tem chamado atenção é o cada vez maior número de flagrantes do tipo em estações onde eles não seriam tão comuns. O calor fora de época, deixando o Inverno com jeitinho de Verão, pode ser o responsável pelo movimento atípico dos animais peçonhentos. “As serpentes estão reaparecendo nas áreas mais frequentadas por humanos no Parnaso. Tenho visto muitos visitantes, inclusive crianças, que caminham na parte baixa do Parque Nacional sem calçados adequados, até mesmo descalços ou com sandálias havaianas… Essa jararaca é uma de muitas que tem sido vistas na Estrada da Barragem nos últimos dias e todo cuidado é pouco, pois elas estão em seu ambiente. Nnós somos intrusos e devemos estar atentos! Fizemos as fotos de distância segura para não estressar o animal, que buscou seu caminho tranquilamente”, relatou o montanhista nas suas redes sociais.
A jararaca (Bothrops jararaca) é uma das serpentes mais comuns do sudeste Brasil, mas há várias espécies de jararacas (gênero Bothrops) espalhadas por todo o país, com muitos registros na região de Teresópolis. O período do Verão é quando ocorrem mais registros de acidentes envolvendo animais peçonhentos e os Bombeiros alertam para a necessidade de ficar atento para evitar acidentes e que tais “aparições” em áreas comuns à população acontece devido ao calor, umidade e período de reprodução destes animais. No ano passado O Diário conversou com representante da corporação, que frisou que geralmente nos dias quentes é maior o número de ocorrências.

Cuidado
Na ocasião, o Corpo de Bombeiros também informou que as picadas de cobras ocorrem quando esses animais se sentem ameaçados: “O animal pode ser apenas venenoso ou também peçonhento, quando possui uma forma de inocular esse veneno em outro ser vivo como é o caso das serpentes venenosas que possuem aquelas presas. Elas percebem o ambiente de três formas: pela vibração do solo, através do sensor térmico e pela língua que serve de olfato. Com certeza, nenhuma delas quer atacar um ser humano, mas se você invadir certo raio que a ameace, ela vai armar o bote. A maioria dos acidentes com serpentes ocorre pelas jararacas ou jararacuçus e essas espécies não conseguem dar um bote maior que um terço do tamanho delas, ou seja, se tiver um metro de comprimento, o bote será de 33 centímetros”, explicou um oficial do CBMERJ.

Complicações da picada
Grupo que causa maioria dos acidentes com cobras no Brasil, com 29 espécies em todo o território nacional, as jararacas são encontradas em ambientes diversos, desde beiras de rios, áreas úmidas, agrícolas e periurbanas e áreas abertas. A região da picada apresenta dor e inchaço, às vezes com manchas arroxeadas (edemas e equimose) e sangramento pelos pontos da picada, em gengivas, pele e urina. Pode haver complicações, como grave hemorragia em regiões vitais, infecção e necrose na região da picada, além de insuficiência renal. Em Teresópolis, a referência para o atendimento destes casos é o Hospital das Clínicas, que tem os soros do Instituto Vital Brazil. Nada de usar qualquer tipo de crendices, fumo de rolo, açúcar, sal, nada de furar ou sugar o veneno. Apenas se deve transportar o paciente para o hospital o mais rápido possível.

Não ataque
Importante frisar ainda que, apesar da cultura popular de “demonizar” as serpentes, como citado acima elas só agem para se defender. Em caso de encontro com algum animal do tipo ou qualquer outro peçonhento, não o machuque. Acione o CBMERJ via 193 e aguarde a remoção dele para um local adequado, lembrando que agressão à fauna silvestre é crime.

O calor fora de época, deixando a Primavera com jeitinho de Verão, pode ser o responsável pelo movimento atípico dos animais peçonhentos. Foto: Victor Vieira

Peçonhentos x venenosos
Animais peçonhentos são aqueles que produzem peçonha (veneno) e têm condições naturais para injetá-la em presas ou predadores. Essa condição é dada naturalmente por meio de dentes modificados, aguilhão, ferrão, quelíceras, cerdas urticantes, nematocistos entre outros. Os animais peçonhentos que mais causam acidentes no Brasil são algumas espécies de: serpentes, escorpiões, aranhas, lepidópteros (mariposas e suas larvas), himenópteros (abelhas, formigas e vespas), coleópteros (besouros), quilópodes (lacraias), peixes, cnidários (águas-vivas e caravelas). Esses animais possuem presas, ferrões, cerdas, espinhos entre outros, capazes de envenenar as vítimas.

Muitos acidentes
Os acidentes por animais peçonhentos, especialmente os acidentes ofídicos, foram incluídos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na lista das doenças tropicais negligenciadas que acometem, na maioria das vezes, populações pobres que vivem em áreas rurais. Além disso, devido ao alto número de notificações, esse agravo (acidentes por animais peçonhentos) foi incluído na Lista de Notificação Compulsória do Brasil, ou seja, todos os casos devem ser notificados ao Governo Federal imediatamente após a confirmação. A medida ajuda a traçar estratégias e ações para prevenir esse tipo de acidente.

O que fazer em caso de acidente com serpentes
– Lavar o local da picada apenas com água ou com água e sabão
– Manter o paciente deitado
– Manter o paciente hidratado
– Procurar o serviço médico mais próximo
– Se possível, levar o animal para identificação ou fotografa-lo.

O que NÃO fazer em caso de acidente com serpentes
– Não fazer torniquete ou garrote
– Não cortar o local da picada
– Não perfurar ao redor do local da picada
– Não colocar folhas, pó de café ou outros contaminantes
– Não beber bebidas alcoólicas, querosene ou outros tóxicos


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Edição 04/05/2024
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