Anderson Duarte
Já são milhares de publicações com as árvores da nossa Reta cobertas de obras de arte em forma de crochê, e até o final do mês, a expectativa dos organizadores da primeira edição do Projeto Crocheterê, é que essas imagens sejam ainda mais replicadas, curtidas, compartilhadas, e a mensagem principal é a da união em torno de algo coletivo e belo. A ação é resultado de um projeto artístico idealizado por Marcia Filgueiras com inspiração no movimento “Yarn Bombing”. Ela foi viabilizada graças a adesão do grupo “Divas” e de voluntários de Teresópolis e Rio de Janeiro que vem, ao longo de meses, produzindo as minuciosas peças de crochê. São cerca de 60 árvores em torno de toda a extensão das avenidas Lúcio Meira e Feliciano Sodré, no canteiro central da Reta, que devem fazer do importante espaço público, um local muito mais agradável e aconchegante, tudo com o uso da técnica e a habilidade das agulhas.
O trabalho começou em 2017 com o envolvimento do Grupo Divas, que tem a participação do Grupo Costurando o Amanhã do Lar Tia Anastácia, do CRAS Alto e mobilizou um grande número de artesãos voluntários, da cidade e também do Rio de Janeiro. “Esse é um movimento internacional de arte urbana, chamado Yarn Bombing, que integra o crochê ao espaço público. Trouxe a ideia para Teresópolis, o projeto iniciou com o grupo de mulheres Divas e novos participantes foram aderindo. A decoração ficará nas árvores durante 30 dias, depois os trabalhos serão higienizados, reciclados, transformados em mantas e tapetes e doados”, explicou Márcia Filgueiras. Em entrevista ao Jornal Diário, Márcia ainda enalteceu sua origem teresopolitana e a vontade de trazer o projeto para sua cidade.
“Sou nascida e criada em Teresópolis, estou fora da cidade há quinze anos, mas assim que tive a inspiração deste projeto, imediatamente imaginei ele sendo realizado aqui em nossa cidade. Pensei e desenvolvi o projeto tendo como referência a nossa cidade e suas belezas inigualáveis. Acho que semear o amor por Teresópolis, incentivar o trabalho coletivo, resgatar e valorizar o fazer manual e abrir um espaço para expressão, está entra as nossas maiores missões com o Crochê Urbano. Aqui no Crocheterê, propomos um abraço à cidade, unindo de ponto a ponto a nossa comunidade e incentivando a criação de redes de colaboração em torno de interesses comuns”, enaltece Márcia.
Verinha Carneiro, do Grupo Divas, que se reúne para trocar viveres e saberes em colaboração a instituições filantrópicas da cidade, também participa da iniciativa. “Caímos de amores pelo projeto. É um presente para Teresópolis nesse 6 de julho, aniversário do município, e para alegrar a cidade de um jeito diferente”, pontuou. O CRAS Alto se mobilizou durante um mês para o Crochê Terê. “Fiquei feliz em receber o convite e mostrar o trabalho realizado pelo CRAS com os grupos de mulheres, que abraçaram a causa. Temos que participar e alegrar a cidade com esse trabalho coletivo”, comentou Adriana Marques, coordenadora do Centro de Referência de Assistência Social. Coordenadora do projeto Costurando o Amanhã do Lar Tia Anastácia, do Rosário, Saionara Schumacher reuniu um grupo de voluntárias e também adotou uma árvore. “Mulheres da comunidade se juntaram ao trabalho, que divulga a produção do nosso projeto de geração de renda”, assinalou. As cariocas Dora Guilhon, Paula Santana e Clara Coutinho subiram a serra para participar do Crochê Terê. “Somos do Rio, costumamos vir aqui, soubemos da intervenção e aderimos. Somos um grupo que decorou quatro árvores. Foi uma união de amores ao projeto. Vai dar um colorido à cidade e tornar as pessoas mais humanas em relação ao lugar onde moram”, opinou Dora.
Já Igor Edelstein, presidente do CDL, apoiador oficial do evento, lembra da necessidade de todos nós apoiarmos e sermos replicadores do projeto. “Temos que aproveitar esse sentimento de mudança que experimentamos hoje aqui na cidade para também convocar a população a dar apoio para que esse belíssimo trabalho seja apreciado e respeitado por todos nós. E nós podemos fazer nossa parte, a empresa ou pessoa que deseja contribuir com esse projeto, por exemplo, ainda é possível através de contato com a CDL, temos muitas formas de contribuir. Lembramos que através de trabalho voluntário e doação de materiais como lãs, linhas, agulhas entre outros, assim como as pessoas que não dominam a técnica também podem participar com apoio no dia da instalação e na manutenção das obras. Gente, tem trabalho para todo mundo”, convoca Igor.
A idealizadora também lembra da capacidade propagadora que o projeto tem, assim como a sinergia com nossas características naturais. “O trabalho colaborativo nos faz refletir sobre o que podemos fazer quando nos unimos com um propósito. A cidade também é nossa, podemos e devemos contribuir com ela. A herança das artes manuais, transmitida entre gerações não deve ser esquecida. É um patrimônio cultural e está ligada intimamente ao DNA de nossa cidade. Que tal um pouco de inspiração para despertar o interesse por esses saberes?”, convoca Marcia. As obras ficarão expostas durante todo o mês de julho. E a ideia é que seja mais um atrativo turístico da cidade. O Crocheterê conta com o apoio da Prefeitura e das Secretarias de Turismo e Meio Ambiente, atestando a ação ecologicamente correta. O crochê pode ser uma forma de chamar atenção, já que às vezes, as pessoas passam por vários locais da cidade e não vem como é bonito ou um objeto, mas se você coloca algo de crochê, ela vai olhar. Você redireciona o olhar da pessoa. Se ninguém nota uma estátua e você coloca um cachecol nela, todo mundo vai olhar”, explica.