Isla Gomes
Por volta das 22h do sábado (11), véspera do Dia das Mães, dois clientes de um restaurante no bairro Araras sofreram queimaduras quando um garçom tentou acender a lareira localizada no centro de uma mesa feita de tijolos – segundo a imagem de uma câmera de segurança que circula pela internet e que mostra o momento em que um funcionário se aproxima segurando um recipiente branco contendo líquido inflamável e derrama na pequena área reservada às chamas, ocorrendo a grande labareda em seguida. O caso ganhou destaque na grande imprensa nesta segunda-feira (13), com reportagem publicada pelo jornal O Globo.
Ainda segundo o que foi registrado pela câmera, em volta do espaço estão cinco pessoas, sendo três mulheres e dois homens, um deles em pé. Assim que o garçom derrama o líquido na fenda existente no centro da mesa, uma enorme labareda sobe e atinge as pessoas. Os dois homens que, assim como o próprio garçom, estavam mais próximos ao local, onde a chama se propagou ficaram feridos e foram levados para o Hospital das Clínicas de Teresópolis (HCTCO). Segundo apurado pelo Diário, a vítima mais afetada está entubada. Trata-se de um homem que tem em torno de 40 anos e teve 40% do corpo queimado pelas chamas.
O que diz a polícia
Nossa equipe esteve na 110° Delegacia de Polícia para elucidar o caso com o delegado titular da PCERJ no município. “Assim que tivemos conhecimento do caso encaminhamos uma perícia para o local. Prontamente intimamos o dono do estabelecimento e o garçom. Além disso, a princípio tem um inquérito instaurado de lesão corporal gravíssima, que tem pena de reclusão de dois a oito anos. Dependendo do que analisarmos pode ser acrescentada até uma tentativa de homicídio, pois o fato é muito grave, tendo uma vítima com grande risco de morte por conta do ocorrido. Estamos apurando se era mesmo álcool líquido comum no recipiente e se havia um treinamento adequado para se utilizar desta técnica da lareira na mesa, este fato não ficará impune”, ressalta Márcio Dubugras.
Nesta segunda-feira, também tentamos um posicionamento de representante do estabelecimento comercial. No local, um suposto gerente tentou desconversar sobre a situação e passou o contato da pessoa que seria a proprietária, que não respondeu nosso contato até o fechamento desta edição.
Venda de álcool líquido é proibida
Ainda não se sabe o conteúdo do recipiente que acabou gerando tal situação, mas importante frisar que o Poder Público proibiu, desde 2002, a venda de álcool líquido com percentual igual ou superior a 54 GL em estabelecimentos comerciais como supermercados e farmácias. A medida, no entanto, foi temporariamente revogada, em 2020, durante a pandemia de Covid-19, uma vez que, na época, o álcool usado para a higienização de mãos e objetos ajudava a evitar a disseminação do vírus. O prazo final previsto pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária para a comercialização de álcool líquido é o dia 29 de abril. “A partir daí, a disponibilidade será apenas em outras formas físicas, como gel, lenço impregnado, aerossol”, explicou a Anvisa.