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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Projeto literário envolve escola municipal em experiência de imersão na história

Inspirado em história de amor do cantor Ney Matogrosso, obra recebeu incentivo do governo estadual

Luiz Bandeira

O livro infantil “Um Brasileiro” é um projeto literário que tem texto de Frederico Augusto e ilustrações de Isabela Sultani, conta a história de “Negarotê” – um indígena de uma tribo no coração do Brasil, na Região Centro-Oeste – no momento que ele parte em aventura pelo país em busca de sua fiel amiga perdida, a macaquinha “Menina”. A aventura se passa no século XIX, justamente em 1822, quando o Brasil declarava sua independência perante a coroa portuguesa. A ideia do livro veio da inspiração que surgiu em um momento, presenciado pelos autores, durante um encontro na casa do cantor Ney Matogrosso, quando o cantor deixou explicita a sua relação de cumplicidade e amor com a sua macaquinha de estimação, Garota. Isabela Sultani falou desse momento em que ela e Frederico perceberam que aquela era uma cena para ser descrita na literatura infantil. “A gente lançou nosso primeiro livro ‘Ser Estranho’ em 2021, e ai quando a gente foi levar essa obra pro Ney Matogrosso, para ele poder ler, porque também tem uma personagem inspirada nele, o ‘Lobisoney’, a gente levou essa obra na casa dele e a gente viu a relação dele com a macaquinha que ele cria lá. Os olhos dele brilhavam quando olhava pra ela e a gente saiu de lá com esse sentimento, de ter que fazer uma história sobre isso, a gente precisava contar essa relação. Ai logo em seguida veio o edital Retomada Cultural RJ 2 e a gente pensou em incluir essa história no edital. Por que não fazer um livro sobre isso e ao mesmo tempo falar sobre a Independência do Brasil? Ai a gente uniu os dois e fizemos uma história”, conta Isabela Sultani.

Equipe da unidade educacional se envolveu no projeto de criar uma peça de teatro inspirada no livro “Um Brasileiro”

Autor dos textos do livro “Um Brasileiro”, Frederico Augusto falou com O Diário sobre a presença dos povos indígenas no momento histórico da Independência do país. “É muito importante a gente pensar que o Brasil tem uma história oficial, mas a gente também tem uma história que antecede todo o processo de dominação, de colonização por meio de Portugal. Quando a gente pensa que o Brasil é uma terra indígena, que aqui tinham diversas etnias, diversos povos, é muito interessante a gente imaginar que no momento da Independência, também esse povo, de algum modo, poderia estar envolvido, poderia estar assistindo àquela cena. Então a proposta é trazer uma leitura diferente pra história do Brasil, então a gente olha agora pra Independência, pra 1822 pela ótica indígena”.


Fred falou também da relação com as origens do cantor Ney Matogrosso. “A gente tem um livro inspirado no Ney Matogrosso, mas é muito curioso porque ele nasce no Centro-Oeste brasileiro, em Bela Vista e naquela região existe uma tribo chamada Negarotê, então uma etnia daquela região, que por um acaso tem esse nome, que é uma junção entre Ney e Garota, Garota é o nome dado à macaquinha dele que a gente se inspira na história, então parece que tudo de algum modo acabou sendo entrelaçado, se confundindo num contexto muito favorável pra criação do livro”, revela o autor.

Toda a equipe da Escola Municipal Hilário Ribeiro no Quebra-Frascos, alunos e autores do livro Um Brasileiro em comunhão depois de evento envolvendo muita cultura, com apresentação de literatura, arte e história

Das páginas para as escolas
A Escola Municipal Hilário Ribeiro, no bairro Quebra-Frascos, foi uma das unidades escolares do município contempladas em uma experiência de imersão literária, que aconteceu durante exposição e após o lançamento do livro “Um Brasileiro” na Casa da Memória Arthur Dalmasso, no Centro. Após essa experiência, no último dia 17, a equipe da unidade educacional vislumbrou no projeto uma oportunidade de envolver ainda mais os alunos nesse universo histórico e cultural brasileiro e partiram para realização de um evento com todos os alunos envolvidos, sobre o livro infantil.
A diretora da unidade de ensino da rede municipal, professora Ana Lúcia, demonstrou muita satisfação com a escolha da escola pelos autores. “Foi um presente pra escola, quando a gente recebeu o Fred e a Isa, quando eles chegaram já com o livro a gente se encantou, chamei todas as professoras, toda a equipe, no mesmo momento eles se encantaram e abraçaram a ideia, antes mesmo de conhecer o projeto toda na Casa Da Memória. A gente explicou às crianças, trabalhamos juntos e foram nascendo as ideias, o teatro, os cartazes, a pesquisa sobre o Ney. Foi um momento muito cultural pras crianças, a gente resgatou a música popular brasileira que é do Ney, as crianças desconheciam completamente e foi uma honra grande a escola ter sido escolhida e a gente abraçou o projeto com o maior amor”.

Teatro
A equipe e alunos desenvolveram uma peça de teatro contando a narrativa, que aconteceu na mata, cenário em que a história se passa, fazendo com que a experiência fosse ainda mais real. Além disso, os alunos apresentaram atividades que produziram a partir do livro, como confecção de cartazes, pinturas e colagens. A diretora da Hilário Ribeiro apontou os benefícios de um trabalho como esse para a educação infantil. “O trabalho abordou muita arte, muita literatura, aprendizagem mesmo, a questão da leitura, da investigação, a preservação da floresta, eu acho que abrangeu muita coisa, esse universo literário que a gente fez foi bem bacana”, comemora a professora Ana Lúcia.

Equipe da unidade educacional se envolveu no projeto de criar uma peça de teatro inspirada no livro “Um Brasileiro”

Novas ideias
A experiência dos autores, educadores e alunos foi tão proveitosa nesse projeto que já está sendo colocado em prática outra ideia onde o primeiro livro da dupla Isabela Sultani e Frederico Augusto, “Ser Estranho”, será também levado para atividades culturais, educacionais e artísticas dos alunos da Escola Municipal Hilário Ribeiro. Os autores acreditam que seria importante levar iniciativas como essa para todas as unidades de ensino do município, porém eles não receberam nenhum tipo de incentivo da secretaria municipal de Educação nesse sentido. O projeto literário “Um Brasileiro” foi desenvolvido por meio do edital Retomada Cultural RJ 2, criado pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (Sececrj) através do programa Pacto Cultural RJ de Fomento à Arte.

Edição 09/05/2024
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