MOCHILEIRO – Marcello Medeiros
Em 06 de julho de 2009 nosso município ganhou um grande presente, a criação do Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis. Tendo como símbolo a Pedra da Tartaruga, essa unidade de conservação garantiu que uma das regiões mais bonitas da zona urbana não fosse tomada pela ocupação e ganância humana, freando o crescimento habitacional irregular e a extração de pedras nessa e nas montanhas vizinhas, como a Pedra do Camelo. Essa segunda, aliás, é um dos melhores lugares para se compreender a grandiosidade e importância ambiental desse parque, pois era nessa região a concentração das pedreiras criminosas e, dos 1.400 metros de altitude do seu cume, se avista toda a região da Tartaruga e a “continuidade” do PNMMT em direção ao Segundo Distrito, onde fica a sede Santa Rita. Recentemente, pisei mais uma vez nesse lugar – que frequento desde muito antes de se pensar em parque. Dessa vez, subi pela “via ferrata”, uma das últimas intervenções feitas pela administração do parque nesse setor.
A “ferrata” é uma espécie de “escada” fixada na parede, mas não se iluda que é fácil de subir como um conjunto de degraus comum. É preciso utilizar material de escalada, visto que a queda de quase qualquer ponto dela pode ser fatal. Por conta disso, e para evitar o acesso de quem não estiver equipado, o primeiro degrau fica bem alto e é necessário utilizar outra técnica de escalada para alcança-lo. Com aproximadamente 40 metros, ela foi batizada de “Ice Wall”, apelido do escalador teresopolitano Alexandre Oliveira – falecido no Aconcágua em 1998, junto com Mozart Catão – que dá nome ao Campo Escola de Escalada aberto justamente nessa montanha do PNMMT.
Após vencer a “ferrata”, se chega à primeira “Corcova 1” do Camelo, de onde já se avista de cima uma região hoje esverdeada, em substituição às criminosas marcas das extintas pedreiras, além de outras unidades de conservação da região, como o Parque Nacional da Serra dos Órgãos e o Parque Estadual dos Três Picos. Mas a dica é retirar o material de escalada e continuar caminhando pela crista, chegando até o ponto mais alto, a “Corcova 2”. A partir da portaria, são 2,1 quilômetros até o topo, com 380 metros de altimetria acumulada. Para voltar, a dica é fazer um rapel no lugar de descer pelos degraus.
As vias de escalada
Os outros caminhos de ascensão nas paredes do Camelo são as vias: “Dromedário” (VIIc, fenda), “Fuça” (IV A0), “Dedo Duro” (VIIIa), “Um Tango Argentino” (VIIb), “Nadhishodana” (VI), “Chameau” (V), “Ivo Salvador” (IVsup), “Luzopiteco” (V, ainda em reforma), “Dique Vigarista” (VIIb), MKersting (A2), uma parada dupla para realização de procedimentos e outras três ainda em conquista.
Conquista e apoio
Participaram das conquistas das vias de escalada os atletas Fabrício Vieira, Diogo Marassi e Carolina Oliveira, de Teresópolis, e os petropolitanos Arthur Estevez e Roberta Loh, do “Abrigo Cumes”. Foram parceiros no projeto a Bonier Equipamentos, com doação de chapeletas; a loja Climb Center, que fabricou os degraus metálicos da via ferrata; a FEMERJ (Federação de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro), que fez acompanhamento e análise técnica para abertura do setor; e o Centro Excursionista Teresopolitano (CET), que realizou as primeiras visitas técnicas para ajudar a projetar o agora realizado setor – além de ter sido um dos principais motivadores para a criação do próprio parque. A sede Tartaruga do PNMMT fica entre os bairros do Salaco e Granja Florestal. Saiba mais no Instagram da unidade de conservação @pnm.montanhasdeteresopolis