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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Caixa de Fósforos, a “pedrinha equilibrista” do PETP

Localizada em Teresópolis, formação rochosa também já foi conhecida como “Pedra dos Milagres”

Ela é “quadradinha”, bem maior do que a sua base e ainda parece estar equilibrada de maneira disforme em relação à sua sustentação. A Caixa (ou Caixinha) de Fósforos, que também já foi conhecida como “Pedra dos Milagres” justamente por conta das características acima, é mais uma impressionante formação rochosa localizada em Teresópolis e que atrai os olhares de montanhistas e curiosos de todo o mundo para o município. Protegida pelo Parque Estadual dos Três Picos, ela pode ser acessada pelo final do Vale dos Frades ou pela sede dessa unidade de conservação em Friburgo, o que acaba gerando confusão sobre a sua localização. Mas não há sombra de dúvidas: ela fica totalmente em Teresópolis, assim como o Vale dos Deuses.

Na base da curiosa formação rochosa, na última vez que estive por lá com os amigos do CET. Foto: Acervo Mochileiro


Com atitude de cume de aproximadamente 1.800 metros, ela fica bem pertinho das imponentes montanhas que dão nome a essa unidade de conservação ambiental. Na última vez que estive por lá, com a turma do Centro Excursionista Teresopolitano, o CET, fiz a trilha a partir da bonita localidade dos Frades. Então, para o registro da coluna de hoje, vou relatar tal acesso (e logicamente no final também dar a referência para aqueles que também quiserem conhecer o outro trajeto). O início da caminhada para a Caixinha fica exatamente no final da Estrada dos Frades, a partir da Fazenda Itatyba. Para quem não conhece, importante frisar que até chegar a esse local o visitante já fica completamente extasiado, passando pela famosa Cachoeira dos Frades, lavouras e grandes propriedades rurais, e imponentes montanhas que têm um clima meio patagônico, somado ao nosso verde tropical. Cabritos, Dois Bicos, Pedra D´Anta, Quarteto, Duas Serpentes… A bonita estradinha de terra batida vai cortando tudo isso, fazendo com que o visitante em alguns momentos fique até sem saber para onde olhar e fotografar. Essa região é tão bonita que, frequentemente, é cenário de programas de televisão ou produções de cinema e comerciais.

Via de escalada em artificial, a maneira mais fácil de chegar aos 1800 metros de altitude. Foto: Acervo Mochileiro/Marcello Medeiros

O Memorial e o acesso
Voltando à Itatyba e às belezas cênicas dessa região, tal propriedade e a parte final do Vale dos Frades foram locação da minissérie global Memorial de Maria Moura, de 1994, com Glória Pires. Para quem vai seguir para a Caixinha por ali, é preciso deixar o carro na portaria da fazenda e comunicar a passagem a qualquer funcionário que encontrar pelo caminho. São cerca de dois quilômetros por uma estrada dentro da encantadora propriedade e, pouco depois de um corredor de eucaliptos, deve-se pegar à direita. A passagem vai diminuindo até virar uma trilha. Um ponto para descansar é a fonte “Até que enfim” (Pelo nome já dá para se ter uma ideia do motivo).
Um pouco antes da paradinha, já se avista a “Pedra dos Milagres” de ângulo que justifica seu apelido. Pouco depois da fonte, o caminho segue para a direita, já havendo sinalização do PETP indicando as possibilidades de trilhas a seguir. Desse trecho em diante, menos de um quilômetro em terreno mais acidentado e íngreme.
Na parte pais em pé, foi fixada uma grande corrente para facilitar o acesso. Para os que não estão acostumados, a adrenalina já começa a subir. Mas vale todo o esforço porque, logo a seguir, o caminhante já chega a uma grande e arredondada pedra de onde se descortinam imponente e majestosamente o Capacete, o Pico Maior (com destaque para a grande fenda onde fica a sua via de conquista, a Sílvio Mendes) e o Pico Médio.

Protegida pelo Parque Estadual dos Três Picos, a trilha da Caixa de Fósforos tem sido bem cuidada. Foto: Acervo Mochileiro/Marcello

Último lance e corrosão
Mais um pouquinho por uma pequena crista e novo lance desafiador. Houve desmoronamento no terreno anos atrás e outra corrente foi instalada, mas o lance é bem mais íngreme do que o anterior, passando até por uma pequena chaminé antes da base da Caixinha de Fósforos, sendo recomendado para os menos experientes a utilização de material de escalada. Mas, se quiser ficar no lance anterior já se tem uma vista interessante para o objetivo.
No total, são aproximadamente quatro quilômetros até ali. Vencida a trilha íngreme e os lances mais expostos, hora de respirar e admirar a curiosa base formada pela erosão e corrosão por conta de séculos de chuva e ventania. Olhando para o lado onde começou a aventura, se avista toda a Itatyba e os paredões rochosos dos Frades, como Pico Grande, Sanhaço, Branca de Neve, Pedra D´Anta e Filhote de Anta e Cabritos. São muitas montanhas e possibilidades a serem exploradas!

Vista lateralmente, a Caixinha de Fósforos se apresenta de maneira ainda mais impressionante. Foto: Acervo Mochileiro/Marcello Medeiros

O outro caminho e conquista
Por Nova Friburgo, é possível deixar o veículo em ponto bem alto no acesso dos Três Picos, fazendo depois caminhada em campo aberto e com linda vista para as montanhas que dão nome ao parque, chegando rapidamente ao Vale dos Deuses. Dali em diante, pouco mais de dois quilômetros até o sinalizado acesso a que me referi acima, pegando depois a parte mais em pé e já citada da trilha.

Vias de escalada
A Caixa de Fósforos oferece também várias opções de escalada, sendo a mais antiga e tradicional o artificial (A1) aberto em 1944 pelos desbravadores Índio Luz, Jair Leopoldino e Sílvio Mendes. Além das possibilidades de escalada na “pedrinha” de dez metros de altura, na sua base existem diversas outras vias, como, por exemplo a Arcarodon (VIIIc E3) conquistada em 1997 por Marcos Vinícius e o lendário Sérgio Tartari, que hoje mora e mantém um refúgio na região de Salinas.

Edição 23/11/2024
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