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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Você conhece o “Frade” da Serra dos Órgãos?

Quatro montanhas compõem a icônica formação rochosa

Quando se fala em Verruga do Frade, muita gente só lembra da pedrinha equilibrada no topo de uma montanha na Serra dos Órgãos. Mas, para justificar o nome, são necessárias outras três formações rochosas: O Capucho, o Nariz e o Queixo. Vistas na vertical, essas montanhas lembram o rosto de um homem velho, apontado à época do “batizado” como um frade. As três são acessadas por Teresópolis, sendo boa parte do trajeto feito pela conhecida e muito visitada trilha da Pedra do Sino.
Pelo caminho mais frequentado do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, deve-se seguir até pouco depois da cachoeira Véu da Noiva. A entrada para a Travessia da Neblina, que passa por quase todo Frade, fica à esquerda em um local onde ainda existe um cano de ferro no chão, material que levava água até o antigo Abrigo 2, construção que hoje não se tem quase mais nenhum vestígio. Porém, para acessar a Neblina o ideal é ter um guia ou estar acompanhado de alguém que conheça o caminho, pois ele não é tão óbvio quanto a trilha do Sino… Pontos em erosão, cursos de água e uma “pegadinha” onde se passa de um local quase plano para uma subida íngreme. Quem não conhece acaba passando direto e seguindo um falso trilho, que de repente desaparece.

Vistas na vertical as três montanhas mostram o formato de um rosto, batizado de “Frade”. Primeiro, o Capucho ou Testa, acessado através de caminhada. Em seguida, Nariz e Verruga, onde é necessário escalar. No final, o Queixo

O Capucho
Ele é o primeiro da formação e também visto como a “testa”. Para quem já conhece a Neblina, a dica é seguir até bem próximo ao Paredão Roy-Roy, pegando a esquerda. Logo de cara, uma descida muito íngreme e vários pontos de erosão, exigindo bastante atenção. Muitas bromélias e vegetação diferente da encontrada por quem vai para o Sino, por exemplo, devido à umidade. Com cerca de quinze minutos de caminhada, fica-se embaixo do Nariz, visto de um ângulo bastante diferente e onde existem algumas vias de escaladas, entre elas o Paredão Alternativo (4º IV), de Mozart Catão e Alexandre Oliveira.
Pouco mais de 20 minutos dentro da mata, até encontrar uma parede. Ali, deve-se subir pela direita até um novo plano e pegar a esquerda, chegando a um pequeno pedaço de cabo de aço. Ele é o sinal de que o cume está bem próximo, com cerca de três horas e quatro quilômetros de caminhada. Quase todo encoberto por vegetação, o ponto quase não é identificado visualmente. E, talvez por isso, seja pouco visitado. A altitude é de 1.740 metros.

Rapel no Nariz do Frade, tendo ao fundo a Agulha do Diabo

O Nariz e a Verruga
Passando pelo Roy-Roy, um lance de escalada de segundo grau, o acesso leva até a base da grande chaminé do Nariz do Frade. São aproximadamente 40 metros de escalada até um confortável platô e depois se entra na fenda novamente, saindo em um buraco bem no meio do cume. A chaminé por onde se sobe atualmente, um terceiro grau, foi desbravada em 1973 por Cláudio Fontenele, Eugênio Epprecht, Jean Pierre e Marcelo Werneck.
Mas o caminho da conquista foi outro, bem no fundo, utilizando-se de troncos entalados e outros artifícios para progredir chaminé acima. Os conquistadores são Miguel Inácio Jorge, Luiz Gonçalves, Arlindo Mota, Antônio Godoy, Andral Povoa, Américo de Oliveira e Alcides Carvalho, que também foram os primeiros a subir na Verruga, a “pedrinha” de 14 metros de altura. A ascensão levou dois dias. O grupo partiu dia 22 de julho de 1933, chegando ao cume às 15h do dia 24, voltando do pico na manhã seguinte.
Mesmo com a técnica aplicada atualmente, a chaminé tem trechos bem apertados e não é fácil de ser vencida. Muitos são os que desistem quando se deparam com o entalamento ou percebem que os grampos para proteção não são tão próximos. Além dessas duas vias, e o Paredão Alternativo, citado acima, na parte externa da montanha fica a Face Nordeste (A2C), também de 73, mas de autoria de José Garrido, José Roberto, Waldemar Guimarães e Waldinar dos Santos. A altitude do cume é de 1920 metros.

Visual do Queixo: Bem de frente para a chaminé do Nariz e a Verruga

O Queixo
A última montanha da composição do frade é o Queixo, a mais fácil de ser acessada. Além de opção para quem subiu pela Travessia da Neblina, passando pela base do Nariz, pode se chegar ao cume por um caminho muito mais fácil: Por cima, através da trilha da Pedra do Sino, entrando próximo a Cota 2000 (que fica de frente para a Cruz). Desse ponto, são aproximadamente 10 minutos até a Pedra da Cruz e, seguindo montanha abaixo, tendo passado bem próximo ao cume da primeira, cerca de 20 minutos até o Queixo. Pelo caminho, um visual fantástico para as principais montanhas da cadeia. Destacam-se o Dedo de Deus, de um ângulo bem diferente, e a imponente Agulha do Diabo. São aproximadamente 3h30 de caminhada, em ritmo bem tranquilo.

Informações
Para obter mais informações sobre essas e outras caminhadas na Serra dos Órgãos e região, acesse o site do Parque Nacional da Serra dos Órgãos: icmbio.gov.br/parnaso. O Instagram da coluna é o @mochileiro_marcello

Edição 15/11/2024
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