Luiz Bandeira
Com o crescente número de crimes ambientais, o futuro da convivência das novas gerações com os ambientes naturais está cada vez mais ameaçado. Nesse cenário, as unidades de conservação desempenham papel fundamental na preservação da biodiversidade, na proteção dos recursos hídricos e na promoção da qualidade de vida. No entanto, a cada novo levantamento, os dados evidenciam que os investimentos destinados à proteção desses ecossistemas e à prevenção de crimes ambientais ainda são insuficientes. Uma pesquisa realizada pela equipe de jornalismo do Diário, com dados do Linha Verde (0300 253 1177) – programa do Disque Denúncia Ambiental – revelou que, nos últimos 11 meses, Teresópolis registrou 243 autuações por crimes ambientais. Esse número representa um aumento de aproximadamente 30% em relação ao mesmo período do ano passado, além de ser 88% superior às ocorrências de 2022.
As áreas com maior incidência de autuações no município são Albuquerque, com 33 registros, seguidas de Meudon, Bairro de São Pedro e Vargem Grande. Juntas, essas localidades representam mais de um terço de todos os crimes ambientais registrados em Teresópolis.
Entre os casos mais recentes, destaca-se o de um proprietário de um sítio na localidade do Imbiú, no Terceiro Distrito de Teresópolis, que foi encaminhado à 110ª Delegacia de Polícia após a descoberta, em sua propriedade, de dois macacos da espécie mico-leão-dourado dentro de uma gaiola. Questionado sobre a autorização do IBAMA para a posse dos primatas, ele informou não possuí-la, o que resultou na autuação por crime ambiental.
Além disso, uma denúncia sobre extração irregular de árvores foi recebida pelo Linha Verde do Disque Denúncia, o que levou a Polícia Militar a realizar a fiscalização. Agentes da 5ª UPAm identificaram uma área de aproximadamente mil metros quadrados degradada no bairro Jardim Europa. Embora diligências tenham sido feitas nas imediações, nenhum suspeito foi identificado, e não foram encontradas licenças para as atividades, o que levou a ocorrência a ser registrada na 110ª Delegacia de Polícia
Em setembro, a Polícia Militar também apurou denúncia anônima sobre uma construção irregular às margens de um rio ou lago em um condomínio próximo à rodovia Teresópolis-Friburgo, em Albuquerque. Quando questionada sobre a licença ambiental para a construção de uma rampa de acesso ao lago, a pessoa responsável informou não possuí-la, o que resultou na ocorrência registrada na 110ª DP.
Em 30 de agosto, dois proprietários de lava-jatos foram presos por policiais civis da 110ª DP após serem flagrados descartando de forma irregular água e materiais poluentes na rede pluvial. A inspeção revelou que os estabelecimentos não possuíam caixa separadora de água e óleo, o que configura violação das normas ambientais.
Como denunciar
A população pode denunciar crimes ambientais ao Linha Verde 24 horas por dia, sete dias por semana, através dos telefones (21) 2253-1177 e 0300 253 1177 (ambos com WhatsApp anonimizado), pelo app “Disque Denúncia RJ”, pelo site www.disquedenuncia.org.br ou ainda pela FanPage do Linha Verde no Facebook (www.facebook.com/linhaverdedd).
PRINCIPAIS CRIMES AMBIENTAIS EM TERESÓPOLIS EM 2024
DESMATAMENTO – 67 ocorrências
EXTRAÇÃO IRREGULAR DE ÁRVORES – 55 ocorrências
MAUS TRATOS CONTRA ANIMAIS – 48 ocorrências
GUARDA OU COMÉRCIO DE ANIMAIS SILVESTRES – 17 ocorrências
CONSTRUÇÃO IRREGULAR – 27 ocorrências
POLUIÇÃO DO AR – 23 ocorrências
LIXO ACUMULADO – 17
10 BAIRROS COM MAIS FLAGRANTES EM 2024
ALBUQUERQUE – 33 ocorrências
MEUDON – 8 ocorrências
VARGEM GRANDE – 9 ocorrências
BONSUCESSO – 7 ocorrências
VÁRZEA – 5 ocorrências
BARRA DO IMBUÍ – 6 ocorrências
FONTE SANTA – 6 ocorrências
PESSEGUEIROS – 9 ocorrências
PIMENTEIRAS – 5 ocorrências
PARQUE DO IMBUÍ – 5 ocorrências