Anderson Duarte
O clima na Associação Síndrome de Down, ASSIND, é de total desolação. Depois de uma semana de muitas alegrias, com a apresentação do primeiro grupo de teatro da entidade, muitas atividades e ações produtivas, a associação, que é a única a atender exclusivamente crianças e adolescentes com a Síndrome de Down na cidade, foi surpreendida com uma ação criminosa que levou da sede no bairro de São Pedro, equipamentos usados no atendimento diário aos mais de quarenta jovens ativos na ASSIND. Impressora, telefones e até dinheiro que foi arrecadado em rifas organizadas pelos pais e colaboradores da associação foram levadas no episódio de furto registrado na noite desta segunda-feira, 22, devidamente registrado e investigado pela Polícia Civil. A direção da unidade pede a ajuda da população e do empresariado local para que os equipamentos sejam repostos e o atendimento normalizado.
A entidade, que nasceu em 2006, pela vontade e dedicação de pais e amigos de pessoas com Síndrome de Down que tinham como meta principal, à defesa dos direitos individuais e coletivos dessas pessoas, sentiu o baque, mas não deixou o desanimo tomar conta. Nesta terça-feira, 23, quando nossa equipe chegou ao local para registrar o acontecido, fomos recepcionados com os mesmos sorrisos contagiantes e avassaladores dos estudantes e cada um dos cumprimentos e sorrisos deixava mais claro que o objetivo da entidade é muito maior e mais importante que se possa mensurar. “Ficamos particularmente mexidos, nem muito pelas perdas materiais não, mas pelo fato de alguém se dedicar a cometer um ato tão baixo e nocivo contra uma entidade que só faz o bem, que não tem compromisso com nada mais que ajudar o próximo e promover a integração de jovens e adolescentes como fazemos aqui diariamente. É quase impensável imaginar que alguém planeje fazer algo assim, entrar em nossa sede e levar coisas que nem tanto valor de mercado assim, mas que são importantes de mais no nosso dia-a-dia”, lamenta Cíntia Mathias, diretora da ASSIND.
O meliante, ou meliantes, entraram na casa através de uma abertura feita com um instrumento cortante em uma das janelas laterais, que ao contrário das janelas frontais não possui grades de proteção, apenas uma rede de segurança, facilmente vencida pelos criminosos. Além de muita bagunça e destruição foram levados do local uma impressora marca HP, que servia diariamente aos colaboradores para a confecção de material didático e recreativo, além de um aparelho telefônico sem fio, marca Motorola e certa quantidade em espécie que fazia parte dos recursos arrecadados em rifas organizadas para cobrir despesas em passeios, viagens e eventos da entidade. “Não é muito, como disse, mas faz muita falta para nós. Mexe com o nosso dia-a-dia diretamente. A impressora, por exemplo, trabalha o dia inteiro fazendo atividades para eles. É pouco, mas para nós está fazendo muita falta”, lamenta Cíntia.
A ASSIND trabalha na orientação aos pais, no oferecimento de oportunidades para o lazer e o desenvolvimento pessoal dos atendidos, além de apoio às famílias e luta contra o preconceito através de campanhas e movimentos. “Existem muitos pais que se sentem culpados por ter um filho com a síndrome. Eles acham que fizeram alguma coisa de errado para o filho nascer assim. A sociedade ainda não tem muita informação sobre a síndrome e existe muito preconceito. Por isso atuamos aqui também com a conscientização”, enaltece a diretora, que também aproveita para lembrar que o trabalho na entidade é inteiramente voluntário. “Todos os nossos colaboradores são voluntários, o que não quer dizer que só trabalhemos com profissionais formados. As vezes uma pessoa sabe tocar violão e deseja colaborar, aí nós podemos utilizar esse conhecimento de acordo com o interesse dos nossos assistidos. Só não podemos deixar de exigir diploma, por motivos óbvios, em áreas como psicologia, Fonoaudiologia, Educação física, entre muitos outros que serão sempre muito bem vindos”, explica.
Quase todos os mais de quarenta pacientes atendidos pela ASSIND são compostos por pessoas e famílias carentes, entre crianças, adolescentes e adultos, através do trabalho de profissionais voluntários nas áreas de odontologia, psicologia, psicopedagogia, fonoaudiologia, fisioterapia, assistência social, informática, entre outros. Trabalhamos e lutamos muito para promover a inclusão dessas pessoas na sociedade, para que ocupem o lugar a que todos têm direito. A ASSIND não conta com o apoio de nenhum órgão público nem de empresas privadas para custear suas despesas. “Vivemos de doações de pessoas que se dispõem a colaborar, das mensalidades dos sócios efetivos, ou dos sócios contribuintes que colaboram com valores pequenos, levando em conta sua própria carência, mas todos são bem vindos para ajudarem. Quem quiser doar uma nova impressora, quem quiser nos ajudar na reposição dos materiais que foram levados será muito bem vindo”, explica a diretora. A Associação Síndrome de Down funciona na Rua Governador Roberto Silveira, número 200, no Bairro de São Pedro e o telefone para contato é (21) 3642-8081. A entidade ainda mantém uma conta bancária para receber as doações: banco Itaú, conta corrente 22100 digito 1, e qualquer quantia será bem vinda.